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sexta-feira, 24 de julho de 2009

"DUPRAS" SERTANEJAS

Ri muito com um e-mail (título acima) que recebi hoje. Que dupla sertaneja é um negócio tão chato quanto abrir embalagem de cream-cracker (da Pilar), isso lá todo mundo sabe; só não sabia que os nomes de algumas duplas eram de uma sem-noçãozice tão bizarra. Por outro lado, seguindo a política do quanto pior melhor, a galeria abaixo é feita da nata mais refinada, a tropa de elite da música sertaneja. Vê se eu tô mentindo.
PREFERIDO E PREDILETO
Um pouco pretensiosos. Não me lembro de nenhum momento na história da música brasileira em que esses sujeitos foram sequer conhecidos, quanto mais favoritos.
BENTO E MAMÃO
Ou melhor: "Mamão e Mamão". Dois mamões. E o nome do disco? "Um porre de sucessos". Que trocadilhozinho peba esse, viu? Rapaz, de porre estava quem foi escutar isso aí (ou deve ter ficado depois de ouvir).
LEAL E LEGAL
Os caras são gente boa. Dá pra ver o carisma, né? Mas se o carinha da esquerda fosse negro, a dupla ia ser: "Morfheu e Neo".
DOMYNGO & FERYADO
Feijão com arroz. Queijo com goiabada. Pão com ovo. Pipoca com guaraná. Essas combinações bem que funcionaram. Mas "Domyngo e Feryado" pra mim ainda tá meio café com leite.
ATLETA E TREINADOR
Lançado no país do futebol, daí tu tira o nome das músicas. "Eu e você no zero a zero", "Naquela noite, você me deu cartão vermelho", "Com a bola toda", "Por teu amor eu sou fominha", e outros sucessos como "Juiz ladrão", "Camisa 12" e "Menina, tu bate um bolão".
ROCKY & SANTEIRO
Putz grila, isso aí é um prato cheio pra arriação! É tanta idéia que vem na hora que a gente esquece. Mas lembrei de duas. Primeiro que esse Rocky tá mais pra Viúva Porcina. Segundo: se aproveitar de novela pra batizar qualquer coisa é tática das antigas. Basta lembrar (como fiz isso?) da favela de Roda de Fogo e dos supermercados América, em Recife. (A gente tem que dar crédito também aos carinhas, pois dividir o nome de um personagem em dois pra nomear a dupla foi uma jogada digna de santificados. Fazem jus ao nome, menos Rocky, é claro! Digo, Porcina.)
CONDE E DRACULA
Esses aí fecham nossa galeria de arte com chave-de-ouro. O belíssimo trabalho vai do projeto gráfico e do figurino (como é visível) até os títulos das canções. "Sanguessuga do amor", "Quero você em meu caixão", "Dançando até o dia não raiar", "Morena do sangue quente", "Quando (não) me olho no espelho", "Me convida pra entrar na sua vida", "Bafo de alho" e outros grandes hits como "Vampirinha atrevida", "Me morde" e "Não chupo mais pescoço de galinha".
Essas e outras preciosidades "esquecidas" pela MPB você só encontra aqui em O BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS. O blog pra quem só lembra do que não presta. Aguardem por mais "dupras" sertanejas no próximo post. Inté mais, seus esquecíveis!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

RAMALI PARRENTI VÊ URNEGÓS DARMINALI?

Não é árabe, não é esperanto, nem ku-klux-klanês. Também não foi extraído de "O Caminho da Índias", não. Afirmo, ou melhor, nego com essa certeza empírica porque fui eu mesmo quem ouvi um cobrador figura pronunciar isso aqui em Aldeia, município de Camaragibe, Pernambuco. Mais precisamente na comunidade de Vera Cruz, vulgarmente conhecida como "Rachão". Uma comunidade pobre, bem "esquecida" pela Prefeitura (já notei que quem mais se esquece das coisas são os políticos; mas eles não sofrem com os esquecimentos deles; é o povo quem sofre).

Bom, estava voltando pra casa num microônibus, depois de aplicar aulas o dia todiiiiiiiinho. 18h00. Cansado e bêbado de sono. O cobrador, parece, estava todo ouriçado paquerando umas "oferendas" do Rachão, que tinham acabado de descer fazendo charme. E foi aí que o cobrador falou o título do blog, que representa acusticamente o convite que ele fez ao motorista. No português dos gramáticos menos frescurentos seria assim:

- VAMOS ALI PARA A GENTE VER OS NEGÓCIOS DAS MENINAS ALI? (tradução minha)

Viu só? O que o cobrador falou é muito mais prático, fluente e bonito, minha tia! É brasileirês brasileiríssimo! Só não é o oficial, nem foi exportado. Mas é massa demais. Depois desse episódio, passei a observar mais o linguajar do pessoal do Vera Cruz. Fiz umas anotações e registrei aqui abaixo um
PEQUENO GUIA DE BOLSO com algumas expressões e palavras pra você ir aprendendo, caso algum dia você pegue um microônibus em Aldeia e não saiba se comunicar com os cobradores e motoristas do Rachão. Dáli aí, pai:

DIAÊLAÍ
(Não é africano) "Diz a ele aí", expressão usada para garantir que aquilo que você diz é verdade. Só serve se tiver no mínimo três pessoas na interação verbal.

ARRÊA
Vai!

DÁLI
Vai!

ROCHEDO
Indivíduo carismático que inspira confiança e respeito; algo que é bom.

PARADA DESCE
(Não é a parada que vai descer; é você ou alguém) Usa-se para informar ao motorista ou ao cobrador que uma parada foi solicitada; ou seja, que você (ou alguém) vai descer. Recomenda-se fazer isso dando batucadas na carcaça do microônibus. Chute não vale.

ACUNHA
Vai!

RAI
Vai!

BÓBÓBÓ
Apressar algo ou alguém; ir mais ligeiro. Equivale a um triplo "acunha", "arrêa" ou "dáli".

RAILÁ
(Não é árabe, nem indiano) Usado para pedir que alguém se dirija a deterimado local.

DETONA
(Não é ato terrorista) Vai!

RAIGA
Vai!

BÓSIBÓ
Variação de "bóbóbó". Pode ser empregado também quando se quer apenas ir embora e não está apressado.

RAIOTARU
(Não é japonês) Também não é uma descarga elétrica partindo do céu e qualificada negativamente. É quando queremos que alguém se mobilize ou pare de fazer algo: "Vai, otário!"

LA URSA
Mulher feeeeeeeia que dói na vista.

HAHHAHAHAAH! La ursa é bronca, viu?! Essa é a melhor de todas e me acabei de rir quando o motorista falou. Merece outro post isso (se me vier à memória...). Enfim, galerinha, ainda teria uma infinidade de outras palavras e expressões de cobradores e motoristas do Rachão, mas só consegui me lembrar destas (como era de esperar).

Agora, que "URNEGÓS DARMINALI" é esse que o cobrador tanto queria ver, eu não sei. Mas deve ser coisa boa, já que o cara ia abandonar o serviço no meio do caminho. Enfim... prefiro não (me lembrar de) comentar! AHHAHAHAHAH!

Dáli, esquecidos!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

EXPRESSÕES E DITOS POPULARES

Caramba, passei muito tempo sem postar aqui. E nem adianta explicar o motivo (até porque eu não lembro), pra não me empolgar com a explicação e acabar esquecendo o assunto deste post, que é o que interessa.

Enfim. Se tem uma coisa que eu admiro nas pessoas que não sofrem de disfunções mnemônicas (que ironia lembrar essa palavra..) é a aquela mania de usar ditados populares pra tudo. Não importa a conversa. Serve também como argumento pra qualquer afirmação.

Os dois sujeitos estão batendo um papo no barzinho antes do jogo da Seleção, quando Galvão Bueno (bueno.. desconfio que esse bicho seja é um mala argentino) dita a escalação. Aí um deles solta: "Pô, Dunga mudou a mercadoria do time de novo, véi! Fruta que caiu, que bicho burro do baralho!" O outro emenda: "É, doido, em time que tá ganhando, não se mexe...".

Tá ligado? Massa, né? Eu sei que vocês não estão vendo nada de fenomenal aí. Mas pra mim isso é uma habilidade incrível. Fico doidinho pra falar um dito no momento certo, sem trocar nenhuma das palavras. Saindo fácil. Na lata. Eiiita, que beleza. Mas isso não acontece. Se fosse eu a dar a resposta ali no bar, sairia assim o ditado: "em time que tá mexendo, não se ganha!".

Entendam, eu sei muito bem em que contexto aplicar o dito-cujo, a bronca é que, quando eu vou enfiar o provérbio, o danado sai troncho, quebrado, desmemoriadamente adulterado, geneticamente modificado. Entendeu, minha tia? Por aí. Aliás, é isso. Os meus ditados populares são todos transgênicos. Você pode até engolir um, mas sempre vai ter uma substanciazinha ali que não vai bem. E aí pode vir uma indigestão mental das boas. Mas relaxe que depois dá vontade rir. E a risada compensa. Muito. Continua lendo pa tu vê, fera!

Foi quando estava passeando com uma ex pela Caxangá, em frente à Exposição dos Animais, que tomei a decisão de nunca mais soltar um dito desses sem antes pensar três vezes, revisar o texto, analisar as conexões de sentido, ensaiar baixinho, murmurando cada sílaba, pra só então verbalizar o danado (e, mesmo assim, é melhor... hum, esqueci).

Bom, ia eu lá conversando com a menina, quando (não sei bem o que foi) ela contou que fez uma coisa que resultou num duplo benefício pra ela. "Oxi, é agora.", pensei. Puxei pela memória o banco de dados de expressões e provérbios do povão e soltei, empolgado, como se fizesse isso todo dia: "Matasse, então, um coelho com duas cajadadas só!" Oxi, só com duas? Bate mais nesse coelho! Meu irmão, isso é um coelho duro de matar, nada, hein? A menina parou de repente, processou a informação, o cérebro avisou que aquilo não fazia sentido algum e a mulé riu demais, gargalhou pra caramba da minha cara. Vergonha, véi...

Enfim. A sorte é que ela era gente fina e eu já namorava ela alguns anos; fosse outra tinha se mijado de rir e rompido a relação ali mesmo! Aliás, quem iria morgar o esquema com ela era eu! Gosto de mulé mijona, não! Inda mais no meio dum lugar tão público como a Caxangá! AHHAHAHAHAH!

Pois é, vou nessa que quem não tem gato, caça com cão! (sei que isso não tem o menor sentido, mas se eu acertar o ditado vai dar no mesmo, então..)

DE QUEM LEMBRO